splash

o tempo passa, tão devagar, e tão vazio. a vontade de viver cada minuto é mínima, a falsa esperança que fez o meu tempo passar á mesma devagar mas ansiante, tornou tudo num nada.

foi como andar á muito á deriva no mar, e do nada, de entre as ondas que apesar de fracas me atormentarem com os seus altos e baixos, o oceano se dividir em dois, e entre duas ondas gigantes suspensas no ar, estivesse o caminho. e no fim desse caminho, ele. 

numa luz branca, brilhante, quase divina. os meus passos lentos como se me estivesse a aproximar de algo quebravel, frágil, e que de alguma forma apesar de me fascinar me fazia ter receio. 

seguia o caminho de areia, descalça, com a minha roupa rasgada, antes sentira me sem valor, agora o mal trapilho em que estava transformada, devido ao desgaste da água do mar, não importava, importava era chegar ao fim do tunel, á luz.

quando estava tão perto, quando vi a sua mão esticada para mim, com aquele ar inocente e eu estiquei a minha, mesmo quase a tocar na dele, ele desvia-se num ápice, como que a deslizar para bem longe. e as duas ondas que abriam caminho, batem no areal. obviamente que me acertaram, foi como levar quinhentas chapadas na cara de uma vez. e ao ocorrer disso, ouço o seu riso, de desprezo, de gozo. seguidas de muitas mais, femininas.

e as minhas lágrimas corriam, com todas as forças, numa fracção de segundos, todo o fascínio e amor desaparecera e transformara-se em ódio e raiva.

voltei costas e deixei-me flutuar na água, á espera do próximo milagre, ou da próxima chapada...

sem dúvida que assim tudo parece mais bonito, sem dúvida que visto assim não dói tanto, sem dúvida que figurando os acontecimentos sinto que estou num conto de fadas. mas nada é assim, apesar de tudo ter acontecido, aconteceu na realidade, e desculpa mas a partir daqui abri os olhos, a partir daqui vou ser bem realista. e sabes que mais? tu, não fazes parte dessa realidade.
perdeste de vez, perdeste talvez a pessoa que já te deu mais valor. guess what? it's your problem.