sexta-feira, 29 de julho de 2011

dad, did i grow up according to the plans?

á uns tempos, lembrei-me de ti. assim como tu só te lembras de mim de longe a longe. deparei-me com o facto do meu sentimento de culpa ter diminuído imenso, com o facto de já não me preocupar tanto com não ser a filha perfeita. por ter deixado de ser a menina bem comportada, que só vestia o que agradava aos teus olhos, que só passava tardes e noites em casa a ler, que ia ter contigo sempre que querias e deixava a minha mãe para trás. por deixar de ter as boas notas e não ter queixas da escola, por deixar de ser a menina que seguia todas as regras e não respondia a nenhuma repreensão. enfim, deixei de não ter personalidade, desculpa a verdade.
embora me magoe pensar que aos teus olhos sou um erro. embora ainda me magoe olhar e ver que construíste uma família nova e não há espaço para mim na mesma; o sentimento de desprezo por ti é maior. desde á uns quatro anos para agora tens feito a minha vida num inferno, e não falo só nas típicas confusões, de poder ou deixar de poder fazer coisas, apesar de abusares nesse campo. sabes tão bem quanto eu, por isso não sei qual é a tua crença, que não me tiras deste lar, e nunca mais vou deixar a minha mãe para trás por ti.
andei tão cega, achei que ela é que não me amava e não mexia um dedo por mim. mas no fim, ela dá tudo o que tem para me proteger e me fazer sentir amada, apesar de ser á sua maneira. iludi-me com o facto de tu me levares a todo lado, ao contrário dela, iludi-me por nos primeiros 12 anos da minha vida tu teres-me dado todos os bens materiais que pedia. cortando o efeito de qualquer acção da minha mãe para não me tornar uma mimada. compraste-me totalmente com objectos e passeios.
apesar de achar que isso não se faz, ainda sinto um pingo de saudade desses tempos, de passear contigo pela rua, de ver o mundo de muitas paisagens como me fizeste ver. agora tens mais duas crianças para fazê-lo. espero que passado uns anos não os trates como me tratas agora.
não fazes nada para mudar de ideias em relação a ti. além de me tirares o teu amor. tiras o meu maior. o meu maior orgulho. tiras-me a única coisa boa, a melhor que me deste. estás prestes a roubar-me um dos seres vivos que mais amo. vais levá-lo para longe, mas eu novamente não vou atrás de ti.
sim, és meu pai e já tive muito orgulho nisso. mas és pai só de nome. apesar de me esmurrar o orgulho, eu amo-te. tenho saudades de ti, do que eras antes.
tornaste-te a maior desilusão da minha vida. e graças a ti não sei o que é ter um pai. pelo menos um que ame, não sei.
(escrevi assim, pq não tenho coragem de lhe dizer na cara. sim sou fraca)

1 comentário:

  1. eu não sei se tu sabes, mas és linda e um amorzinho de pessoa. por isso não precisas de te achares fraca só por não conseguires enfrentar o que mais te dói, és mais forte do que tu propria pensas.. conseguiste escrever sobre o assunto, mesmo que nao tenha sido cara a cara, conseguiste escrever, libertar alguma coisa, isso sim, faz de ti uma grande pessoa. nao te desvalorizes, porque não mereces, ninguém merece. e se tens um pai assim, ele é um parvo por não estar tão perto de ti quanto devia, ele perde mais do que tu, acredita

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