recordações, ela lembra-se de tudo, da primeira fala, do primeiro abraço, do primeiro sorriso, do primeiro beijo inocente na face, do primeiro ataque de riso, do primeiro toque, do primeiro beijo menos inocente, mas incrivelmente sentido, do primeiro "amo-te", do primeiro "desculpa", do primeiro "prometes? - prometo", do primeiro "não me deixes", do primeiro "para sempre" e principalmente do primeiro e único "queres?"
era tudo tão bonito no ínicio, tudo começou com a junção de um grupo, mero acaso ela já o conhecia, odiava-o, as suas acções, irritavam-na, mas não era apenas a ela, muitas pessoas ainda têm esse sentimento. começaram a falar, com coisas parvas, e foram se aproximando aos poucos, apesar de estar de pé atrás, ela gostava de ter a atenção dele, principalmente só para ela.
começaram com abraços a toda a hora, que a faziam sentir confortável, desabafos em que ele a confortava e compreendia. até que um dia, ou melhor uma noite, talvez na euforia de ser a noite que era, tudo aconteceu. todo o fogo de artifício que se via distante, perdeu cor. porque a verdadeira magia estava a acontecer naquele passeio junto ao rio, entre dois corpos colados e encostados a um corrimão, entre dois lábios que se juntaram a primeira vez e nunca ninguém imaginara isso a acontecer. toda a magia que um beijo pode ter, aí o fogo de artifício era nos seus corpos, a força com que as supostas canas rebentariam, era a força deles mesmos a puxarem-se um contra o outro. o intervalo entre uma explosão de luzes e outra eram os poucos centímetros que as suas bocas se afastavam para respirar. e naquele momento do espectáculo em que parece que acabou e de repente rebentam foguetes num chinfrim rapidíssimo? era quando se abraçávam e depois o coração batia, batia com todas as forças que tinha.
os dias seguiram, mais momentos assim vieram, não havia ninguém que lhe arrancasse um sorriso mais feliz nesses mesmos, não havia ninguém que fazia o seu coração bater com tanta euforia, ela aos poucos ia descobrindo que era feliz, a seu lado.
decidiram, que ia ser um namoro, foi dos melhores momentos, dos mais queridos e cómicos ao mesmo tempo. mas, essa rapariga nunca foi de sortes, ter o melhor namorado do mundo para ela parecera-lhe milagre e teve de estragar tudo, inconscientemente.
quando lhe contou tudo, parece que ouviu o seu coração partir-se, o dele e o dela.
a partir daí? tudo perdeu a cor, tudo era banal. as lágrimas já não causavam qualquer impressão ao escorrer-lhe pela cara, já eram tantas que se conformou. já não haviam forças que a fizessem levantar do sofá, já não havia resistencia nos seus olhos para aguentar uma simples lampada acesa. já não havia voz que a possibilitasse de falar. não havia a coragem de olhar para alguém. apenas havia o medo de o encarar.
passaram tempos, discussões e tentativas falhadas de falar a bem existiram. a rapariga? fez de tudo para o esquecer, e passados quase quatro meses de tudo acabar o seu nome ainda a faz levantar a cabeça, o seu toque ainda faz vibrar e as suas palavras levá-la ao céu.
ainda a faz chorar todas as todas as noites e ao adormecer, sonhar com tudo de volta. a rapariga não quer ninguém que não ele, a rapariga tem um buraco que considerava vazio, pois não o tinha, mas descobriu que cada vez está mais cheio, mas de saudade. a rapariga quando cai na solidão, cai com as maiores das forças e bate no fundo, e cada dia pensa " não consigo mais" e o seu coração mirra, encolhe-se com as dores que tem ao lembrar-se que nada vai voltar. essa rapariga que outrora pensou que tivera grandes amores, agora está a entender que não é o tempo ou a complicação da relação que fazem o amor ser verdadeiro ou não. mas sim, a cumplicidade, a força do sentimento que sentira por ele, e tudo o que sente agora são coisas que nunca viveu e inexplicáveis, o que não aconteceram com pessoas que pensara serem os rapazes da sua vida.
essa rapariga encontrou o verdadeiro amor, essa rapariga descobriu o que é amar, essa rapariga ama com todas as forças, essa rapariga, sou eu.
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